Violência e poluição sonora: a violência nos centros urbanos está ligada ao embrutecimento dos sentidos humanos. O assunto mais discutido e divulgado pelos meios de comunicação nos dias de hoje - a violência nos centros urbanos está diretamente ligado ao embrutecimento dos sentidos humanos.
E a audição é aquele sentido primeiro, aquele que desfia (e aglutina) a lógica das relações sociais, permitindo a fruição da linguagem e da emoção com os outros e o contato, em contraponto silencioso, íntimo, do próprio ser consigo mesmo.
Quando não notado em seu poder de integração psíquica, o canal auditivo segue possibilitando a doença e o cansaço, pois, como ensinou MacLuhan, o mundo auditivo é um mundo de relações simultâneas.
Não podemos fechar a porta aos sons automaticamente.
Simplesmente não possuímos pálpebras auditivas.
De que se tenha notícia, o elefante é o único mamífero superior que consegue fechar as orelhas valendo-se de sua anatomia.
Estress gradativo
O espaço sideral é silencioso, mas na face da Terra quase tudo produz algum ruído.
O cansaço mental (mais do que físico), a preguiça e a inércia são aspectos individuais que resultam da roda-viva, do corre-corre, do convívio social excessivamente tolerante à produção de ruídos, o sem-número de barulhos que podem gerar distúrbios no sono e na saúde de quem vive no meio urbano.
Segundo a literatura especializada, o ruído de até 50 decibéis - dB(A) provoca stresse leve, excitante, causando dependência e levando a um desconforto constante.
O stresse degradativo do organismo começa a 65 dB(A), com desequilíbrio bioquímico, aumentando o risco de enfarte, derrame cerebral, infecções, osteoporose, etc. Acima de 80 dB (A), a saúde é afetada profundamente, mas os efeitos variam com o tempo que as pessoas ficam expostas ao ruído e são acumulativos.
Em torno de 100 dB (A) pode haver perda imediata (e irreversível) da audição.
Uma população expostas a altos níveis de ruído diariamente está sujeita a dores de cabeça, distúrbios gástricos, insônia, deficiências auditivas, irritabilidade e tendência a comportamento agressivo.
Nas escolas barulhentas é comum a existência de alunos dispersos ou agitados, cujos professores precisam se esforçar muito mais para ensinar porque o ruído interrompe a concentração por parte dos alunos.
O que são os sons
O que chamamos de som é, na verdade, o avanço, o ondular e o recuo de uma onda de moléculas de ar, desencadeados pelo movimento de qualquer objeto, grande ou pequeno, e que se expandem em todas as direções.
Os seres humanos não ouvem muito bem as baixas freqüências, o que vem a ser uma benção; se ouvíssemos, os sons de nosso próprio corpo seriam ensurdecedores, como se estivéssemos sentados em um pátio, próximos de uma cachoeira.
Pertencemos a uma espécie capaz de acrescentar ao mundo coisas, idéias, artifícios criativos e até mesmo sons, e quando o fazemos, eles tornam-se um fato tão real (leia-se material) quanto uma floresta.
Abrimos a boca, fazemos com que o ar passe dos pulmões para a laringe, para a caixa torácica e, por uma abertura, para os espaços entre as cordas vocais, que vibram.
E, assim, falamos. Se as cordas vibram rapidamente, ouvimos voz aguda, de tenor ou soprano; se lentamente, ouvimos um alto ou baixo.
Tecnicamente, barulho é um som que contém todas as freqüências; é para o som o que o branco é para a luz. (Fonte: "Uma História Natural dos Sentidos", de Diane Ackerman)
As sete maravilhas da audição
Os sons chegam ao ouvido na forma de ondas, que são recebidas pela orelha e levadas pelo canal auditivo até o tímpano; Som provoca vibrações no tímpano, que é formado por uma fina membrana.
O tímpano é a porta de entrada do ouvido médio.
Ao vibrar, o tímpano movimenta três ossinhos do tamanho de um grão de arroz: o martelo, a bigorna e o estribo.
Eles tem esses nomes porque são semelhantes a esses objetos.
A vibração vai passando de um osso para outro, numa reação em cadeia. Durante essa operação, o ouvido vai sendo ampliado em 22 vezes, até chegar ao interno.
Dessa forma, o som chega ao ouvido interno, mais precisamente à cóclea, que é o órgão mais importante da audição.
Do tamanho de uma ervilha, a cóclea é um caracol cheio de líquido, que se agita pela vibração sonora.
Ao se agitar, o líquido movimenta os cílios existentes dentro dela.
Esses cílios levam o som - na forma de estímulo elétrico - através do nervo auditivo, até o cérebro, o som chega ao cérebro - e é entendido.
Poluição sonora é a terceira mais grave do ambiente, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Perde, apenas, para a poluição da água e do ar.
Principais fontes de ruídos na área urbana
¨ Corredor de tráfego, motores, escapamentos, sirenes anti-roubo, pavimentação das ruas, britadeiras, avenidas sem manutenção, buzinas (Brasília é exceção: apesar dos atuais engarrafamentos, a tradição/educaçã o de não se buzinar, ou buzinar somente como alerta, continua valendo). ¨
" Diversão pública em áreas residenciais: bares, boates, discotecas, restaurantes com música ao vivo e instalações sem tratamento acústico (Brasília também se destaca com o muro sanfonado do estádio Mané Garrincha, que impede a entrada dos roncos do Kartódromo, e o teto da estação Rodoferroviária, com folhas de flandres, um metal prateado, que reflete diversificando os sons. ¨
"Comércio local e carros de som amplificado (sejam de propaganda ou de boyzinhos mal-educados) . ¨
"Equipamentos sonoros usados em brinquedos, academias de ginástica e templos religiosos que incomodam a vizinhança."
Conheça os níveis de perigo do barulho!
Nós estamos rodeados por sons em todos os lugares e a todo momento.
Às vezes onde a gente menos espera existe um barulho que pode nos incomodar e que pode colocar em risco nossa audição.
Insuportável - Para a maioria das pessoas este é o nível onde ocorrem gravíssimos danos à audição - 130 decibéis.
Dolorosa - Uma simples exposição pode causar perda auditiva permanente - 120 decibéis.
Ensurdecedor - O ruído neste nível causa sensação de extremo desconforto - 110 decibéis.
Altíssimo - Nesse nível começa a ocorrer danos às células auditivas - 85 decibéis.
Alto - Ruído normal de uma cidade - 80 decibéis.
Moderado - Som de lugar tranqüilo - 40/50 decibéis.
Baixo - Som levemente auditível - 20 decibéis.
Fonte: "Uma História Natural dos Sentidos", de Diane Ackerman
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